segunda-feira, 28 de maio de 2012

Desabafo - O dia em que perdi a fé na humanidade

Eu sempre acreditei que a bondade e a compaixão fossem qualidades inatas do ser humano.

Não me entenda mal, nunca tive ilusões de que o mundo é perfeito, eu sei que existem pessoas incapazes de sentir emoções, os famosos sociopatas, ou psicopatas, e que em algumas pessoas são simplesmente más.

Eu digo tudo isso porque algo aconteceu hoje a noite que me fez rever completamente meus conceitos.

Hoje eu penso que as pessoas não ligam a mínima. E isso me assusta. Muito.

Eu estava no twitter de bobeira enquanto assitia a uma série de TV, quando vi uma troca de tuites entre dois caras que eu sigo, o @izzynobre e o @jovemnerd. O Izzy é sempre conhecido por trolagens que, apesar de  serem exageradas algumas vezes, são inofensivas. E o Jovem Nerd é uma pessoa que respeito muito, e na qual eu sempre me inspirei.

Esse foi o tuite entre os dois:

 
E foi esse o tuite que me fez ressussitar este blog pois, depois que vi esse vídeo, eu precisava desabafar, e a melhor forma de fazer isso era escrevendo.

O vídeo, que não linkarei, mostra um terrível acidente de transito ocorrido em Dubai, onde se ve claramente pessoas morrendo, e membros decepados voando dos escombros (com direito a camera lenta).

O vídeo é tão gráfico e visceral que meu estômago embrulhou na hora, e comecei a passar mal aqui em casa.

E Imediatamente comecei a mandar tuites para o Izzy expressando minha revolta:


O que mais me chocou nesse episódio não foi nem o vídeo em si, mas a reação das pessoas ao vídeo e a reação inicial do Izzy aos meus comentários.

Meus tuites foram todos para expressar meu asco pelo ato de alguém tuitar para 26,000 pessoas um vídeo de pessoas morrendo. E de o fazer casualmente, como alguém que tuita um vídeoclipe, ou um vídeo de gatinhos brincando.

Essa foi a resposta dele aos meus comentários:



Como é possível, eu pergunto a quem quer que esteja lendo esse relato, que nós nos deturpamos tanto a ponto de achar normal ver pessoas morrendo de formas horríveis, em frente aos nossos olhos, em HD 1080p?

Como é possível que a pessoa que ainda se choca com esse tipo de coisa é que seja vista como errada, como fraca?

E para meu espando ainda maior, a maioria esmagadora das respostas ao vídeo fazia graça do ocorrido, ou pior ainda, tratava como algo normal...


Essas reações, masi do que tudo, me fizeram pensar o quanto estamos anestesiados à violência, e como estamos acostumados com a morte.

De repente a realidade dos Jogos Vorazes ou de Rollerball não me parecem mais algo que só poderia acontecer na ficção.

Algumas pessoas realmente falaram contra o vídeo, inclusive o Jovem Nerd, que eu erroneamente achei que tivesse aprovado. Porém a quantidade foi infíma comparada a quantos o aprovaram

O próprio izzy, após receber uma repreenção pública do Jovem Nerd, deletou o tuite com o vídeo e pediu desculpas pelo ocorrido. Mas a despeito disso, seu último tuite para mim foi reclamando que eu o tinha deixado em "maus lençóis com o Jovem Nerd."

Não se lamentando do ocorrido, não se lamentando da insensibilidade de seus seguidores. Mas reclamando que tinha ficado mal visto pelo outro "famoso" da internet.

E eu terminarei o texto por aqui, pois finalmente sinto que um peso foi tirado do meu peito. Nunca mais conseguirei ver a internet, e as outras pessoas em geral, da mesma forma, e isso me entristece.

Fica aqui meu desabafo, muito obrigado.

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O segredo


Ok, o título é uma furada. Não tem segredo nenhum, pelo menos não o que devia ter. O fato é que eu e uns amigos muito maneiros resolvemos criar um amigo oculto virtual. Porque? Você me pergunta, ora, muito simples, nós somos tão azarados, mas tão azarados, que obviamente os melhores amigos que poderíamos fazer estão milhares de quilômetros uns dos outros.

E como todos nós nos encontramos sob a bandeira do mais azarado dos azarados, o famigerado Rob Gordon, nos juntamos em uma agremiação chamada "champ-club" que devido ao elevado número de membros, teve que sair do twitter (sério, tentem madar um twit com cinco ou seis arrobas, seus 140 caracteres viram 40...) e evoluir para uma forma mais arcaica de comunicação, uma lista de emails que hoje, 1 mês depois, já conta com quase 6.000 missivas, sério.

Nós decidimos então que faríamos um amigo OCULTO, para depois postarmos em nossos blogs (por uma dessas coincidências do destino, todos nós temos blogs, curioso, não?) o resultado, e a minha vez chegou dia 22 de Dezembro. Porém por morar no Canadá, eu enrolei até hoje pra ver se dava tempo do meu presente (que custou uma pequena fortuna para enviar, ô fase) chegar ao seu destinatário, o que não aconteceu. Aparentemente foi extraviado pelos correios brasileiros.

Mas falar do meu presente é depois, pois nas regras estabelecidas pela adorável Isadora, eu tenho que falar primeiro do presente recebido, então mãos à obra:

Fui sorteado por ninguém mais ninguém menos que o "chefe" dessa bagaça toda, ele mesmo, um tal de Rob. Foi uma emoção grande quando descobri que ele tinha me tirado (antes do meu presente chegar, porque ele, sendo quem é, mandou pra pessoa errada o presente...), afinal não é mistério nenhum, eu idealizo o cara.

E ele sabia que eu, por morar no Canadá, não tinha como comprar o livro que ele escreveu, uma compilação de crônicas de fazer muito machão lutador de kung fu chorar. Quando finalmente meu presente chegou, dias depois que todos os outros já tinham aberto seus respectivos, eu estava tremendo com o pacote nas mãos, abri como se fosse um tesouro, escondido, de madrugada, em meu quarto. Rasguei devagar, já sabendo o provável conteúdo do pacote, mas mesmo assim ansioso pra ver se era verdade.

Era.

Depois de aberto retirei o livro de dentro e comecei a procurar um cartão, um bilhete, qualquer coisa, não havia nada. Confesso, fiquei meio triste, po, o livro é legal, mas um bilhete teria valido, pra mim até mais que o livro. Então veio a epifania, meu eu interior gritou comigo "SEU IMBECIL, É UM LIVRO, DIRETO DO AUTOR, ELE ESCREVEU ALGO NO LIVRO PRA VOCÊ".

Antes mesmo de abrir o livro, com as mãos trêmulas, eu sabia que era verdade, não tinha como não ser.


E vocês achando que eu ia mostrar a dedicatória, =P

O resultado é esse aí, um livro com uma dedicatória muito especial, que eu me emocionei muito ao ler. O livro por si só é um espetáculo, valendo cada minuto, eu leio uma crônica por dia, todo dia, antes de dormir.

Muito obrigado Rob, você é um grande amigo.

E agora vamos falar do meu presente...

Meu presente extraviou, então apesar de todo mundo já saber quem meu amigo-OCULTO, vou dar as dicas mesmo assim e mandar um email pra ele com o que seria, não é o ideal, mas fazer oque.

Meu amigo oculto me dá medo, muito medo. É um cara muito romântico, e faz todas as menininhas do champ-club suspirarem com suas histórias de amor. Ele é fascinado por crianças, quer ter um filho o mais rápido possível, e além disso, é um dos melhores escritores da nossa geração. Sério, o cara é foda. Ah, e ele luta Kung-Fu.

Amigos, desculpa pela demora, eu realmente queria que o presente chegasse...



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Aviso aos Navegantes & Foto


Então meus grandes amigos desse mundo desolado, como minha nova paixão é a fotografia, eu decidi postar também aqui as fotos que eu tirar, e que eu gostar. Não vão ser muitas, e não sei de quando em quando vou postar, vai ser só um jeito de compartilhar as fotos legais que eu tirar.

E a primeira escolhida para isso é essa:


Por algum motivo que foge à compreensão humana, o título dessa foto é "Diana", e foi tirada na reunião do G20 em Toronto no Canadá. A Câmera foi uma SLR da Canon Antiga como as coisas antigas, uma das primeiras digitais com LDC para visualização. O foco estava perfeito no visor, mas a imagem grande ficou um pouco desfocada. De qualquer jeito eu gostei, seja pela foto em si, seja pela modelo.

O Amigo.

Era um almoço de terça feita bem comum, com todos reunidos ao redor da mesa, uma tradição familiar. Postas de badejo fritas no azeite com molho de manteiga com alcaparras, além disso, purê de batata e arroz. Simples mas delicioso. Quebrando a rotina daquela família toca o telefone, e a mãe que havia acabado poucos instantes antes, se levantou para atender.

“Oi, olá, tudo bem, como vai, bem obrigada e você?” Depois de breve conversa ela para ao lado de seu primogênito – “Ah, para ele? Tudo bem, só um segundo” – estende o telefone e fala:


– É o Thiago, filho do Julio.


O filho mais velho conhecia o Thiago, na verdade, já tinha ido a casa desse Júlio, colega de trabalho de sua mãe, algumas vezes, e tivera uma péssima impressão. Eram pessoas diferentes, não impunham limites aos filhos, lá cada um fazia o que queria, praticamente uma anarquia. Porém por não conhecerem muita gente naquele país estranho, tinha tentado fazer amizade com esse Thiago, que era alguns anos mais novo, com resultados pouco animadores. O chamara para tomar uma cerveja em três ocasiões e, em duas delas, ficara a ver navios, levou bolo do cara. Na última tentativa resolveu se vingar não indo ao lugar marcado, porém nada adiantou, pois o garoto lhe mandou uma mensagem de texto 15 minutos após o horário combinado avisando: “kra, nem vai dar, abs”. Desde então nunca mais tivera contato com o thiago, estava extremamente curioso para ver aonde iria parar aquela conversa:

- Alô?

- Oi.

- Oi Thiago, tudo bom?

- Tudo e contigo?

- Tudo também...

- Cara, to te ligando pra te chamar pra sair.

- ...

- É que sexta feira eu vou jogar tênis com um amigo, e pensei que talvez você quisesse se juntar a nós.


Pensou seriamente em dizer não, iria jogar na cara do moleque as três vezes que ficou no vácuo, e diria que não ia de jeito nenhum jogar tênis com ele. Estava decidido quando levantou os olhos e viu sua mãe. Ela, mulher trabalhadora, sustentava sozinha a casa e os quatro filhos, já que o marido por problemas burocráticos não podia trabalhar. Não podia fazer isso com ela, vai que depois o moleque decide contar pro pai, que vai começar a chatear. Não. Melhor aceitar e ver no que vai dar, estava muito estranha a situação.


- E então? Você vem?

- Ah, pode ser Thiago, mas aí, aonde e que horas?

- Nem se preocupa com isso, não está decidido ainda, mas na quinta a noite eu te ligo, vai ser na sexta de manhã.

- Ta bom, até sexta então.

- Ta.

- ...

- Cara, também queria te pedir uma coisa.


Arrá! Sabia que havia algo errado nessa história, nunca aquele garoto ia ligar sem alguma segunda intenção. Um sorriso singelo, e irônico, brotou em seus lábios, “vamos ver o que esse cara quer”, pensou.


- Hum.

- Então, não é nada de mais, mas é que eu soube que você tem um Wii, certo?

- Certo.

- Pois é, eu estou com meus primos aqui, e eles queriam jogar um jogo de futebol, por acaso você tem FIFA?

- Tenho sim, mas não vai rodar no seu Wii, porque o meu é europeu, é um sistema diferente.

- Ah, mas a gente sempre pode tentar né? Vai que funciona...

- Se você quiser mesmo pode tentar, mas não vai funcionar, os sistemas são completamente diferentes, eu precisei desbloquear meu Wii para poder jogar jogos daqui...

- Ta bom, ta bom, mas quando que eu posso apanhar eles?

- Eles?

- É, eu aproveito que estou aí e vejo se tem mais algum jogo que meus primos possam gostar!

- A hora que você quiser pra mim está bom, você vai vir amanhã?

- Eu vou agora mesmo, pego a bicicleta e em dez minutos chego aí.

- Beleza, pode vir então.


Após desligar o telefone, riu da situação e comentou com a família, avisou que estaria no quarto quando o Thiago chegasse, e foi usar o computador. Alguns minutos depois alguém abre a porta do seu quarto (sem bater, óbviamente), é o dito cujo, que já ostenta dois jogos na mão.


- Seu pai falou pra te chamar aqui, mas aí eu passei pela sala de televisão e já escolhi os jogos que eu quero.

- Ta, beleza... Não vai funcionar, mas boa sorte.

- De boa, vou correr agora que quero voltar logo pra casa.


Desceram as escadas e se despediram na porta, Thiago ainda falou que ligaria na quinta antes de sair.

Quinta feira foi um dia tranqüilo, ele foi pra faculdade e na volta deitou pra ficar vendo “The Sopranos”, viu quase uma temporada inteira, quando adormeceu com o computador ao lado. Acordou no dia seguinte só ao meio dia, achou estranho que o celular não tivesse tocado com o Thiago dizendo o local do jogo. Levantou e foi direto olhar o aparelho, onde nenhuma mensagem ou chamada perdida constavam.

Já faz vinte dias que os jogos, que não funcionam, estão na casa do Thiago, ele nunca mais ligou, ou veio devolve-los.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CALA BOCA BRASIL

CALA BOCA GALVAO foi, como classificou o “The New York Times” o “El País” entre outros, a maior pegadinha virtual da história. Com bom humor e descontração os twiteiros além de eternizarem a expressão, ainda conseguiram o apoio do próprio Galvão que, ao aceitar rindo a brincadeira, mostrou uma esportividade ímpar, e uma inteligência enorme, até quem realmente não gosta do Galvão, achou simpática a entrevista dele para o “Central da Copa”.

Essa inteligência e esportividade são características chave que faltam a outro de nossos personagens esportivos da atualidade, o técnico da seleção brasileira. Após a vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim, durante a entrevista coletiva, Dunga interrompeu sua resposta para interpelar o jornalista Alex Escobar que estava “fazendo sinal de negativo com a cabeça”, algo que está no direito dele de fazer. Escobar não é obrigado a concordar com Dunga, e Dunga não é obrigado a concordar com o Escobar, mas uma coisa que não pode acontecer, é a falta de respeito.

O técnico da seleção, em uma atitude extremamente infantil, resolveu passar o resto da coletiva xingando o jornalista entre uma pergunta e outra, algo gratuito e desproporcional. Dunga mais uma vez perde uma ótima oportunidade de ficar calado.

Dunga não se usa de inteligência quando faz coisas assim, ele tinha a faca e o queijo na mão para mudar a opinião de todos os brasileiros, afinal apesar de extremamente criticado pela imprensa e pela opinião pública, é extremamente vitorioso, e ganhou todas as competições que participou. Se Dunga tivesse aprendido com o Galvão, teria visto que ao levar na esportiva as críticas só tem a ganhar, ganha a simpatia do povo, que passa a vê-lo como alguém injustiçado, e se coloca em um nível mais alto.

Porém ao atacar gratuitamente um funcionário de uma empresa, é esperado que essa empresa saia em defesa de seu funcionário, e não é picuinha da globo porque o Dunga não da exclusividade, ou algo assim, é simplesmente um veículo de informação defendendo um de seus maiores profissionais de um ataque ofensivo e gratuito, que mancha a integridade de tal jornalista.

Porém, após o comunicado da rede globo repassado pela boca de Tadeu Schimidt o twitter, carente de um novo “cala boca Galvão” criou a tag: “CALA BOCA TADEU SCHMIDT” e as pessoas, mesmo sem entender bem o que está acontecendo, ficam espalhando essa tag, como se Dunga fosse o herói que peitou a globo e agora está sendo injustiçado.

Dunga não peitou a globo nesse episódio, ele agrediu verbalmente um jornalista que estava ali fazendo seu trabalho, se Dunga não concordou com a “negativa de cabeça” que Escobar fez, ter comentado isso em frente a todos estava de bom tamanho, mas quando começa a ficar xingando baixinho, perde completamente qualquer razão que poderia ter.

Não sou um fã da globo, é um empresa que tem muitos defeitos, a arrogância principalmente, porém a atitude de defender um funcionário de um ataque gratuito é louvável. Alex Escobar é um exemplo de jornalista, pessoa boa e humilde, e não merecia ser atacado da forma que foi, sem razão aparente.

Isso não é um desabafo, ou uma carta aberta, é uma constatação de fatos. A Globo não é santa, mas a burrice do povo brasileiro em endeusar Dunga que xingou um profissional sério e qualificado, só porque esse profissional é da rede Globo, é algo inimaginável.

domingo, 18 de abril de 2010

The Meaning of Life

Essa é uma história verdadeira, aconteceu com um amigo de um amigo meu:

Marcelo não acordava cedo, nunca. Porém aquele dia não eram sete horas e já estava de pé, de banho tomado e pronto para o colégio. Seu avô, que costumava acordar o garoto da 8ª série todo dia as oito, levou um susto ao vê-lo sentado na sala lendo o jornal.

- Que foi Marcelo? Madrugou porque?

- Nada não, vô, só acordei.

Tirando esse detalhe, a manhã transcorreu sem nenhuma outra diferença para todas as manhãs durante a semana. O pai de Marcelo saiu do chuveiro às 8, tomou uma chícara de café, e as 8:20 em ponto saiu de casa no carro da família, levou o filho para a escola, e foi trabalhar.

Marcelo se sentia diferente aquele dia, normalmente não conseguia ficar de olhos abertos na primeira aula, mas nessa manhã viu toda a aula de português com uma atenção tão fervorosa que até sua professora lhe congratulou. Não fazia idéia do que estava acontecendo, ele estava mais alerto, mais receptivo que o normal, só de uma coisa tinha certeza, por mais diferente que as coisas estivessem, não conseguiria resistir à aula de sociologia.

Seu professor de Sociologia era o clássico professor malvado de toda escola, se achava superior à todos, distribuía notas baixas para quem não ia de acordo com ele, tudo respaldado pela subjetividade de sua matéria. As aulas de sociologia eram o inferno acadêmico de Marcelo, o professor, que se chamava Hélio, não morria de amores por ele, e ele não conseguia nunca prestar atenção na aula toda, sempre divagava e se perdia em pensamentos.

Nisso realmente acertou, não apenas Sr. Hélio começou a explicar a opinião de certos sociólogos sobre o sentido da vida, Marcelo começou a pensar sobre assunto, mas de sua própria maneira. Abstraiu de tudo ao seu redor, e de repente no meio de sua divagação, ele soube.

Ele percebeu tudo que ninguém nunca tinha percebido, de uma forma tão clara, e tão simples, que chegava a ser ridículo como ninguém tinha ainda descoberto o sentido da vida humana! E ele de repente com a informação inicial, começou a traçar paralelos e conseqüências. Aquilo era maravilhoso, e ele sabia que tinha que contar para alguém, estava tendo um orgasmo intelectual!

-Marcelo? Marcelo!?

A voz de seu professor lhe chegava de longe, mas ele sabia que tinha que responder, tentou continuar raciocinando sobre os mistérios que estavam sendo revelados, e emitiu o único som que conseguiu:

- Han?

- O senhor poderia me dizer o que DaMatta pensa sobre o assunto?

- Não professor, mas é que...

- "Mas é que" nada, você acha que sabe mais do que DaMatta sobre o sentido da vida? Pode sair da sala agora mesmo, senta lá fora que eu cuido de você depois!

Marcelo ficou aturdido por um momento, queria responder o professor, mas não sabia mais o que falar. Ficou parado tentando retomar o pensamento, sabia que tinha alguma coisa importantíssima pra dizer, mas não sabia mais o que era.

- Ainda está aí porque? Vamos, mandei sair!

Lentamente começou a se mover em direção à porta, não se lembrava o que estava pensando no segundo anterior, o professor ao interrompe-lo, tinha quebrado o fluxo de raciocínio, e tudo que ele tinha pensado se perdeu. Saiu triste da sala, não se importava muito com o professor Hélio, sabia que ia ficar de recuperação mesmo, mas aquela sensação na boca do estômago que tinha esquecido algo muito importante era tão forte que chegava a doer.

No dia seguinte marcelo não acordou na hora, chegou atrasado na escola, dormiu na primeira aula, e fez tudo como sempre tinha feito. Viveu o resto da vida com a certeza que tinha pensado em algo de muito importante aquele dia, mas o professor de Sociologia tinha feito o pensamento se perder. Teve uma vida longa e boa, morreu aos 83 anos de cancer, e até o último momento teve como companheira aquela sensação que estava esquecendo algo muito, muito importante.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Assédio.


Eu nunca fui muito fã de música, estranho eu sei, principalmente para alguém de 18 anos, mas acontece. Fique claro que gosto de música, só não sou louco, fanático. A não ser que eu goste muito de uma canção, não consigo passar meu tempo escutando, ao contrário, como sei mais ou menos o tempo de duração delas, fico contando na cabeça os minutos que já se passaram, não consigo abstrair. Eu me distraio mais facilmente olhando a paisagem e pensando do que com fones de ouvido, porém de longe meu maior passatempo é a leitura.

Estava eu há algum tempo atrás lendo a série "A Busca do Graal" de Bernard Cornwell, mas fiquei sem grana e, ao final do segundo livro, passei duas semanas sem poder comprar o último da trilogia. Nesse ínterim achei que seria uma boa tirar o Ipod da gaveta, quem sabe escutar uns nerdcasts nos tempos ociosos de ônibus e Metro.

E durante essas duas semanas, num fatídico sábado a tarde, me encaminho para o Metro para o que eu esperava fossem 40 minutos de Azaghal e cia falando de um assunto nerd aleatório, ledo engano... Assim que entrei no vagão do metro e devia ter desconfiado de algo, tinha um lugar para sentar, e na estação botafogo as 4 horas da tarde de sábado, sentido linha 2, nunca tem lugar pra sentar, é a saída da praia.

Achei que estava com sorte (sic), e me sentei feliz e contente com meus fones de ouvido sem nem prestar atenção a quem estava ao meu redor. Hoje repensando meus passos percebo quantas coisas fiz de errado, mas na época não achei que o senhor de cara simpática ao meu lado fosse me causar problemas.

Algumas estações depois, ouço sons indistintos vindo de onde o senhor estava e, como qualquer pessoa normal que estivesse usando fones de ouvido, ignorei completamente, afinal quem em sã consciência iria ser indelicado ao ponto de interromper alguém que claramente estava fazendo outras coisas?

O velho.

Após ser sumariamente ignorado, o velho ao meu lado repete o que quer que tenha dito e cutuca meu braço. Eu, como bom garotinho ingênuo que era, me virei, fiz a maior cara de falta de paciência que consegui, tirei o Ipod do bolso, dei pause, retirei um dos fones e perguntei:

- O que? (Largo do Machado, ainda estamos no Largo do Machado?)

- Você é um garoto muito bonito sabia?

Pronto, começamos mal. Uma pessoa normal teria levantado, saltado na primeira estação e esperado o próximo Metro, mas eu já estava atrasado para o meu futebol, e não ia ser um velho esquisito que ia me fazer ficar na "de fora". Além disso eu não consigo ser muito brusco ou mal educado com as pessoas, tenho uma necessidade, as vezes irritante, de ser polido.

Porém mesmo com tudo isso devo ter feito uma cara que assustou o velho, pois logo em seguida ele complementou:

- Não leve a mal, estou falando porque você se parece muito com meu neto, sabia?

-Ah, obrigado...

-É sim, se parece muito com ele, você quer ver uma foto dele?

Foto? como assim foto, na hora fiquei paralisado, mas pensei em uma estratégia para dar a entender que não queria papo, ele não podia ser tão obtuso assim...

-Não sei se é uma boa, tirar a carteira em público está cada vez mais perigoso! (Catete, Glória, já estou quase na metade)

Falei e rapidamente fui recolocando os fones no ouvido, mas quando estava quase achando que tinha me safado o velho segura minha mão e diz:

- Está mesmo, o Rio de Janeiro anda muito perigoso, mas é por isso que eu ando sempre com a foto no bolso da camisa, sabia?

Como a mão dele ainda estava segurando meu pulso, tive que concordar e continuar a conversa, o dilálogo que segue é uma cópia fiel dos acontecimentos daquele sábado de 16:20 até as 16:40, os 20 minutos mais longos da minha vida...

- Olha meus netos aqui, esse é o mais velho que se parece com você.

- Legal. (Meu Deus, ainda na Carioca?)

- Só que ele é bem mais novo, tem só 12 anos, não tem idade para namorar ainda, você tem namorada ... Qual é seu nome mesmo?

- Pedro, e sim, tenho namorada.

- Ah, e ela tem 16 anos que nem você?

- Eu tenho 19, e ela também. (Uruguaiana, já está quase na Tijuca)

- Que beleza, 19 anos, bons tempos...

- E me diz uma coisa Pedro, vocês já... já... transaram?

E você pode achar que chegamos ao fundo do poço, mas acredite, nada é tão ruim que não possa piorar...

O velho quando falou isso, não falou com o tom de voz normal de uma pessoa de quase oitenta anos, ele falou como se estivéssemos os 2 a 150 metros de distância com um trem passando entre a gente... de modo que as 2 pessoas sentadas atrás da gente caíram na risada, e todo mundo no vagão começou a nos encarar.

Eu obviamente não respondi, pois estava muito ocupado tentando ficar invisível ou entrar em combustão instantânea, infelizmente não consegui nenhum dos dois... E como eu não respondia o velho insistiu:

- Sabe, sexo? Molhar o biscoito?

- Não! Não fizemos! (Me diz que já cheguei na Saens Peña, ah não, Praça Onze?)

- Ah, mas você já fez né? Um garoto aprumado como você já deve ter feito muitas menininhas felizes.

Nisso, finalmente percebendo que todos estavam acompanhando o show, ele dispara:

- Esse assunto te deixa desconfortável?

- Sim, muito

- Ah ta, então não falo mais, mas vou te dar um macete, se você conseguir que ela sente no seu colo com o negócio duro, aí já ta meio caminho andado, sabia?

A minha resposta foi um som que nenhuma sonoplastia que eu conheça pode reproduzir, foi um misto de último suspiro de um tigre tibetano com primeiro som emitido por um ornitorrinco, algo bem suave, talvez o velho nem tenha ouvido, pois metade do vagão caiu na gargalhada, o que pelo menos serviu para desviar um pouco a atenção da outra metade.

Nesse ponto finalmente tínhamos chegado a Afonso Pena, duas estações antes de onde eu deveria descer, e uma antes da que o velho tinha afirmado que desceria, porém ele não satisfeito fala:

- Eu ia descer na próxima sabia? Mas acho que vou descer só nas Saens Peña, aí conversamos mais um pouco.

- (NÃÃÃO) Ah.. Que ótimo...

- Pois é! por exemplo, você corta suas próprias unhas do pé?

Aí eu quase me animei, depois de uma pergunta dessas, eu só podia estar numa camera escondida, tava na hora do produtor sair de algum lugar e me fazer assinar uma autorização para usar minha imagem... Porém ninguém apareceu, e o Velho ainda queria que eu respondesse, mas como eu já estava começando a ficar com raiva, fiquei calado.

- Eu não consigo mais cortar as minhas, sabia? Para isso tenho uma acompanhante muito gostosinha, se você quiser posso te apresentar!

- Ah, não, mas muito obrigado.

- Bom, fica com o meu cartão, meu nome é Paulo Miranda, você nem perguntou... Me ligue a hora que quiser se precisar de alguma coisa, e venha lá em casa na terça a tarde para conversarmos melhor ta bom?

- Claro, estarei lá!

Aproveitando a deixa, levantei e fui para a porta rezando para que ele não tentasse vir atrás de mim ou que, pelo menos, tivesse um ataque cardíaco e nunca mais assediasse garotos no Metro.

Consegui chegar no futebol a tempo, joguei bem, fiz gols. Porém nada vai apagar o trauma que sofri naquele dia, e se você estiver interessado no fim que levou o cartão do Sr. Paulo, eu o guardo até hoje, para me lembrar que, inexoravelmente, "a humanidade não deu certo"

Esse post é dedicado a Rob Gordon, pois pelo visto não só com ele essas coisas acontecem.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pra variar, Futebol!

Não vi Zico, não vi Pelé, não vi Garrincha, mas vi... Vi quem?

Os flamenguistas mais gaiatos dirão Obina, ou não, depois da saída turbulenta do ex-xodó da torcida. Alguns corinthianos dirão: "Mas vi Carlitos Tevez!", Carlos Alberto Tevez, o referido atacante, jogou somente por um ano no Corinthians, ganhou o brasileiro é claro, mas não pode ser considerado um gênio da bola, ou um craque do time. Alguns santistas podem dizer que viram Robinho, e com esses eu quase concordo. Robinho é diferenciado, porém desde seus tempos de santos caiu de nível consideravelmtente, é o jogador que está na moda chamar de "ex-craque", como o Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Afirmo categóricamente que, o último ídolo, gênio, craque, do futebol brasileiro foi Zico. Trinta anos se passaram e até hoje, nenhum clube revelou uma estrela do futebol mundial. Minto, um jogador depois de Zico merece ser chamado de gênio, Ronaldo fenômeno. Atacante rápido, de habilidade, Ronaldo era magro, macérrimo, tão franzino que no período que jogou na Holanda, tomou medicamentos para aumentar a massa muscular, o que apesar de surtir os efeitos desejados, também gerou efeitos colaterais, pois com o aumento de massa muscular de forma tão acentuada, vieram também os problemas no joelho.



Porém se afirmo que Ronaldo foi um gênio da bola pareço me contradizer, o que só não acontece, pois Ronaldo, além de ter jogado pouquíssimo no futebol brasileiro, teve uma ascensão astronômica, e uma queda tão veloz quanto. Após ser nomeado melhor jogador do mundo em 96 e 97, caiu de rendimento, só recuperando na copa de 2002, em que foi decisivo.

Dedicarei duas linhas a Ronaldinho Gaúcho, um jogador exepcional no barcelona, e só.

E após citar alguns jogadores tidos como excepcionais nos últimos anos reafirmo, o último grande craque que o Brasil viu jogar foi Zico, nas décadas de 70 e 80. O Brasil começou a aparecer como potência no futebol em 58 e 62, com Didi, Nilton Santos e Garrincha; nas decadas de 60 e 70, com Pelé e Rivellino foi decretado o melhor; se manteve como tal na década de 80 com zico, e agora desde aquela época, está a decair, sendo preterido por outras nações que mesmo sem grandíssimos craques, constroem grandíssimos times.

Temos lampejos de esperança a cada Ronaldo ou Ronaldinho que aparece, mas infelizmente até o Brasil aprender a montar times com os inúmeros bons jogadores que tem, e parar de querer depender de um ou dois gênios, craques, diferenciados, inexistentes nos últimos anos, poderemos ter o mesmo fim do Uruguai, campeão mundial e força dos anos pré-guerra e campeão de novo na primeira copa do pós-guerra, hoje em dia vive do passado, a anos sem conseguir montar um time realmente competitivo.

O time titular atual da seleção Brasileira de futebol hoje, dia 25/02/2009:

Júlio César

Maicon (Daniel Alves)
Juan (Thiago Silva)
Lúcio
Gilberto

Gilberto Silva
Felipe Melo
Kaka
Elano (Julio Baptista)

Robinho
Luis Fabiano

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre blogs e Blogs

Não sei porque, mas não gosto da palavra blogueiro, colocar Antonio Tabet e Rodrigo Fernandes, no mesmo patamar de Tyler Bazz, Ricardo Rigotti e Bruno Palma, simplesmente não me parece nada adequado.

Todos os cinco blogs acima estão em meus favoritos, e me divirto muito com o Kibe, quase tanto quando com o Champ, mas ainda assim são divertimentos diferentes. As sacadas geniais do primeiro (sem entrar no mérito da já famosa "kibada") me fazem rir, o humor irônico, apurado e sutil do segundo me fazem sorrir, refletir.

Não existe comparação entre um e outro, são opostos de um mesmo meio, cada um com seus méritos, talvez um melhor que outro, talvez não. Rhianna pode ser considerado musica se comparado com Chopin? Muitos me dirão convicção absoluta que não, outros me perguntarão, "Quem é Chopin?".

Por isso não gosto da palavra blogueiro, me parece extremamente abrangente, afinal, como em tudo nessa vida, existem blogs e Blogs, blogueiros e Blogueiros. Daqui por diante não escreverei blogueiro para me referir aos que são mais do que isso, mas usarei escritores, que chega mais próximo do nível destes.

E um dos escritores que mais aprendi a apreciar nos últimos meses, foi o Tyler, o "rei dos textos curtos". Ele tem um estilo peculiar, e único, de descrever situações. Em poucas linhas consegue te dar uma história que poderia render um livro, sem omitir nenhum detalhe que prejudique o entendimento da situação.

Essa característica torna o Tyler um candidato perfeito ao twitter, pois 140 caracteres não são um impedimento para ele, e sim um apreciado desafio. Porém o twitter aproxima o escritor de seus leitores de uma forma inédita, e possibilita uma interação completamente única entre as partes.

Cito agora um exemplo pessoal (Minha professora de redação do ginásio me mataria se me visse escrevendo em primeira pessoa com exemplos pessoas... Doce vingança...), na ânsia de querer um contato maior com meus ídolos cibernéticos, ao tentar o diálogo com o @tylerbazz, o tiro saiu pela culatra, e ele acabou parando de me seguir, com claro descontentamento.

Fica a lição, apesar de tudo, nunca, em absolutamente nenhuma hipótese, fale de você na terceira pessoa se você não for um imperador romano, simplesmente não fica bem!

@pedro_rcv, digo, Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos.

E agora plagiando o Rob Gordon:

Top 5 motivos para apagar esse texto nos próximos 5 minutos:

1- Ficou extremamente confuso - Isso é que da tentar escrever sem fazer roteiro antes (professora 2x1 pedro).
2- Como o blog é novo, não tenho leitores.
3- Se porventura o Tyler acabar lendo, ainda vou ficar mal falado por aí.
4- Ficou parecendo um puxa-saquismo descabido.
5- Nunca gosto dos meus textos depois de terminados.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sem finalidade...

...Nenhuma. Sem finalidade nenhuma. Não sei o que vou escrever nesse blog, não sei nem SE vou escrever... Talvez ele entre para as estatísticas, mais um dos 300 blogs que são criados diariamente e que não duram mais que 3 meses. Talvez.
Vamos ver no que vai dar. Que os jogos comecem